Entrevista a Carlos Farinha Rodrigues

Em entrevista publicada no suplemento de economia do jornal Público, Carlos Farinha Rodrigues avança alguns novos dados sobre as desigualdades de rendimento em Portugal.

 

«O grande motor da desigualdade tem sido a desigualdade salarial. Os salários representam 50 por cento (ou mais) dos rendimentos das famílias. Por outro lado ? e este é um aspecto muito característico da nossa desigualdade nos últimos anos ? regista-se um crescimento acima da mediana dos salários mais elevados. A nossa desigualdade tem sido agravada pela desigualdade entre indivíduos com maiores níveis de salário e rendimento. Se olharmos para um por cento dos salários mais baixos, verificamos que têm crescido acima da média. De alguma forma os nossos salários mais baixos têm tido uma evolução positiva. Agora, essa evolução não se compara com o que acontece na parte superior. Nos salários dos indivíduos de maior rendimento, os um por cento mais ricos têm um crescimento muito maior. Em 2005, um por cento dos trabalhadores mais ricos têm sete por cento da massa salarial. Em 1985 era 4,6 por cento. Se olharmos para os um por cento dos salários mais baixos, também há uma evolução, mas pequena. Passaram de 0,3 por cento para 0,4 por cento. Temos aqui uma transferência da massa salarial da parte média da distribuição para a parte superior. É aqui que se tem vindo a ter ganhos muito grandes».