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Preço das casas em Portugal disparou

Preços das habitações em Lisboa são muito superiores face ao observado no resto do país.

Portugal é um dos países europeus em que o preço das casas, medido pelo Índice de Preços da Habitação (2015=100), mais aumentou no último ano. Entre o 2º trimestre de 2017 e o período homólogo de 2018, essa variação foi de 11,2%. De acordo com os dados divulgados pelo Eurostat, apenas a Eslovénia e a Irlanda apresentam uma subida tão pronunciada deste indicador. O valor apurado para os países da UE28 foi de 4,3%. Apesar do valor para Portugal ser bastante elevado, ele representou uma ligeira diminuição face ao apurado em relação à variação verificada entre o 1º trimestre de 2017 e de 2018 (12,2%). A par da Hungria, Portugal registou nesse período o quarto maior aumento do preço das casas.

Preço das casas_Quadro 1

Embora Portugal no seu conjunto registe um aumento muito significativo do preço das casas, a verdade é que existem diferenças assinaláveis no que diz respeito ao preço médio das mesmas consoante a região do país. Em termos médios, o preço da habitação em Portugal representa cerca de ¾ do apurado para a Área Metropolitano de Lisboa (AML). Excluindo as vendas aí verificadas no apuramento da média nacional, constata-se que o valor médio das habitações no resto do país situa-se cerca de 40% abaixo da média registada nessa região. O Algarve é a região onde o preço de compra de habitação mais se aproxima da observada na AML (preços cerca de 7% inferiores). O preço médio da habitação na Área Metropolitana do Porto (parte integrante da região Norte) é cerca de 30% mais baixo face ao registado na região congénere de Lisboa (125,3 mil euros para 182,4 mil euros). Os valores para a região Centro, Alentejo e Açores representam metade ou menos face ao apurado na AML.

Preço das casas_Figura 1

Nota metodológica: “O Índice de Preços da Habitação O Índice de Preços da Habitação (IPHab) tem como principal objetivo medir a evolução dos preços dos alojamentos familiares adquiridos no mercado residencial em Portugal. Para além do índice total, são compilados e divulgados trimestralmente índices para os segmentos dos alojamentos familiares existentes e novos. O IPHab é compilado através de informação administrativa fiscal anonimizada, enviada pela Autoridade Tributária e Aduaneira ao abrigo de um Protocolo celebrado com o INE, referente ao Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). A metodologia de cálculo do IPHab baseia-se na estimação de uma relação funcional entre o logaritmo dos preços de transação dos alojamentos e as suas características (e.g., área, localização), enquadrando-se no âmbito dos modelos probabilísticos de “preços hedónicos”. A estimação é realizada trimestralmente com dados de dois trimestres adjacentes, para o conjunto das transações. Com esta abordagem, é possível controlar as diferenças qualitativas das habitações transacionadas e estimar uma taxa de variação de preços ajustada de efeitos da alteração da qualidade. O IPHab é um índice encadeado com base 100 = 2015. A metodologia de encadeamento seguida na compilação do IPHab permite que a estrutura de ponderação seja atualizada anualmente com informação referente ao valor das transações de alojamentos realizadas no ano imediatamente anterior ao ano a que se reporta o índice. No índice relativo a 2018, os alojamentos familiares existentes e os alojamentos familiares novos representam cerca de 80% e 20% do IPHab, respetivamente” (INE).

Frederico Cantante