Portugal é o 5.º país da UE27 em que mais pessoas referem não ter capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida (15,7% da população em 2024). Tanto Portugal como a UE têm vindo a melhorar neste indicador.

 

A Figura 1 refere-se à população que reportou incapacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida por país da UE, em 2014 e 2024. Em 2024, em situação de maior desvantagem face à média europeia (8%), estão a Bulgária, Chipre, Grécia, Lituânia, Espanha, Portugal, Roménia, França, Itália e Eslováquia. Com exceção de Espanha, França e Eslováquia, todos eles registaram uma diminuição neste indicador entre os anos analisados, seguindo a tendência da UE27.

Em posições mais vantajosas estão os países da Europa Central e do Norte. Entre estes, destacam-se a Suíça e a Islândia com as proporções mais baixas de população sem capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida.

De notar que entre os 20 países cuja média se situa abaixo da UE27, oito registaram, ainda assim, uma subida deste indicador desde 2014, com destaque para os Países Baixos (+4,5 p.p.), Suécia e Luxemburgo (ambos + 3 p.p.)

 

Nota: dados mais recentes da Grécia, França, Eslováquia, Irlanda, Malta, Letónia, Áustria e Suíça referentes a 2023. Dados mais recentes da Islândia referentes a 2020.

 

A Figura 2 permite analisar a evolução da população com incapacidade financeira para manter a casa suficientemente aquecida em quatro países da Europa do Sul e no conjunto de países da UE, entre 2010 e 2024. Em 2010, Portugal era o país onde a pobreza energética era mais elevada (30,1%), seguindo-se a Grécia (15,4%), a Itália (11,6%) e a Espanha (7,5%). À exceção deste último, os restantes países estão em desvantagem relativamente à média da União Europeia entre 2010 e 2013. A partir de 2014, todos os países da Europa do Sul revelam valores superiores de incapacidade financeira para manter a casa aquecida face à média da UE, apesar de darem mostras de diminuição progressiva do indicador (exceto Espanha, que piora consistentemente desde 2020).

Face ao início do período em análise, Portugal demonstra a melhoria mais expressiva entre os 4 países sul-europeus, passando de 30,1% para 15,7%, ou seja, diminuindo em cerca de metade os seus níveis de pobreza energética.

 

 

A Figura 3 apresenta a incapacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida por composição do agregado familiar, em Portugal e na UE, em 2014 e 2024. De um modo geral, observa-se que, independentemente da tipologia  do agregado, a população portuguesa está sempre em desvantagem comparativamente à média da UE, apesar de dar mostras de melhoria acentuada do indicador.

Em Portugal, 23,6% da população residente em agregados constituídos por um adulto não tem capacidade financeira para manter a casa suficientemente aquecida, valor superior ao da UE27 (11%), em 2024. Em Portugal, este é o agregado familiar em que se observa maior pobreza energética em ambos os anos em análise. Na UE o agregado familiar mais afetado é composto por um adulto com crianças dependentes

Tal como na média europeia, os agregados portugueses constituídos por dois adultos e duas crianças dependentes são aqueles onde a incapacidade financeira para manter a casa suficientemente aquecida é menor (17,9% em 2014 e 9,9% em 2024, aproximando-se recentemente da média da UE de 5%).

Assim, em Portugal as situações de maior fragilidade correspondem a pessoas que vivem sós, a casais sem filhos e a famílias monoparentais: 1 adulto (36,7% em 2014 e 23,6% em 2024), 1 adulto com crianças dependentes (32,3% em 2014 e 17,4% em 2024), 2 adultos (29,2% em 2014 e 18,4% em 2024) e agregados sem crianças dependentes (31,1% em 2014 e 18,5% em 2024).

No caso da U27, verifica-se que as famílias monoparentais são as que apresentam maior incapacidade financeira para manter a casa suficientemente aquecida (16,7% em 2014, tendo diminuído para 11,4% em 2024).

Por fim, focando nos agregados com e sem crianças dependentes constata-se que na UE esta distinção tem crescido: em 2024, os segundos têm +1,3 p.p. incapacidade para manter a casa aquecida. No caso português, a tendência é ainda mais acentuada: em 2024, 18,5% face a 12,6%.

 

 

Elaborado por Ana Filipa Cândido e Alda Botelho Azevedo. Atualizado por Adriana Albuquerque.

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