A taxa de privação severa das condições da habitação em Portugal encontra-se ligeiramente acima da média da UE28.

 

A privação severa das condições da habitação refere-se à conjugação de uma habitação sobrelotada e a existência de, pelo menos, um de quatro problemas: inexistência de instalação de banho (ou duche) ou de sanita completa no interior do alojamento, repasses de água ou apodrecimento das janelas / soalho ou ainda iluminação natural insuficiente.

A Figura 1 apresenta a taxa de privação das condições da habitação para os países da UE28. Observa-se que é nos países no Leste Europeu que esta é mais elevada, nomeadamente na Roménia (16,1%), Letónia (14,9%) e Bulgária (10,1%). Do lado oposto, Irlanda (0,7%), Noruega (0,9%) e Finlândia (0,9%) são os países que apresentam taxas mais reduzidas em 2018.

De notar ainda que em Portugal, em 2018, a taxa de privação das condições da habitação se situa ligeiramente acima da média da UE28 (4,1% e 3,9%, respetivamente).

 

* Dados relativos ao último ano disponível.

 

A taxa de privação severa das condições da habitação por grupo etário (Figura 2) permite constatar que nos países da UE28 a privação severa das condições de habitação afeta particularmente os mais jovens (idade inferior a 18 anos). Já os indivíduos com 65 e mais anos constituem o grupo etário onde a proporção de pessoas em situação de privação é menor.

 

* Dados relativos ao último ano disponível.

 

A Figura 3 permite analisar a mesma situação, a privação severa das condições da habitação, agora por risco de pobreza. Em todos os países em análise, a população em risco de pobreza é mais vulnerável à situação de privação severa das condições da habitação (excetuando a Estónia com uma diferença de 0,1 pontos percentuais). Em Portugal, a diferença das taxas consoante a situação perante a pobreza é de 5,5 pontos percentuais, valor abaixo da UE28, que apresenta uma diferença de 7 pontos percentuais.

De salientar os casos da Roménia, Bulgária, Letónia e Eslováquia, nos quais pelo menos uma em cada cinco pessoas em risco de pobreza se encontram em situação de privação severa das condições da habitação.

 

* Dados relativos ao último ano disponível.

 

A Figura 4 apresenta a taxa de privação severa das condições da habitação por composição do agregado familiar, em Portugal e na UE28. Observa-se que as taxas mais elevadas se encontram entre os agregados com um adulto e crianças dependentes, com dois adultos e duas crianças dependentes e com dois adultos e três ou mais crianças dependentes.

Agrupando as categorias de composição familiar em apenas duas, agregados familiares com ou sem crianças dependentes, verifica-se que a privação severa das condições da habitação penaliza mais os agregados familiares com crianças dependentes, sendo a diferença para os agregados sem crianças dependentes de 6 pontos percentuais em Portugal e de 4 pontos percentuais na UE28.

No caso português é ainda de referir a situação dos agregados com dois adultos e três ou mais crianças dependentes, isto é, das famílias numerosas. Entre estes, 13,5% vivem em situações de privação severa das condições da habitação.

 

 

A Figura 5, que ilustra a taxa de privação severa das condições da habitação por grau de urbanização, permite identificar padrões distintos em Portugal e na UE28. Enquanto em Portugal é nas áreas densamente povoadas que se localizam as taxas mais elevadas, na UE28 as situações de privação localizam-se sobretudo nas áreas pouco povoadas.

 

 

A taxa de privação severa das condições da habitação por quintis de rendimento (Figura 6) acrescenta que, tanto em Portugal como na UE28, a privação severa diminui à medida que o rendimento aumenta.

 

 

A Figura 7 introduz os progressos na redução da taxa de privação severa das condições da habitação, em Portugal e na UE27, entre 2005 e 2018. Ao longo deste período, verificou-se um decréscimo da taxa de 4,4 pontos percentuais na UE27 e de 3,6 pontos percentuais em Portugal. Assim, em 2018, a taxa de privação severa das condições da habitação é de 3,8% na UE27 e de 4,1% em Portugal.

 

 

Elaborado por Inês Tavares e Alda Botelho Azevedo

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