Tanto em percentagem do PIB, como em percentagem da despesa pública total, como em despesa por habitante, Portugal apresenta uma despesa em investigação e desenvolvimento inferior à média da UE27.
A despesa intramuros com as atividades de investigação e desenvolvimento (I&D) refere-se ao “conjunto das despesas relativas à I&D executadas dentro da unidade estatística, independentemente da origem dos fundos” (metainformação – INE).
As estatísticas sobre ciência e tecnologia referentes à investigação e desenvolvimento são divididas em 4 principais setores de execução: as empresas, o ensino superior, o estado e as instituições privadas sem fins lucrativos, sendo que tanto no Quadro 1 como no Quadro 2 não são apresentados os dados para as instituições sem fins lucrativos uma vez que são muito pouco significativos.
Considera-se por investigação e desenvolvimento (I&D) “todo o trabalho criativo prosseguido de forma sistemática, com vista a ampliar o conjunto dos conhecimentos (…)” (metainformação – INE).
O Quadro 1 é referente à despesa em investigação e desenvolvimento em % do PIB, por setor de execução, para os países da UE27 em 2020.
Os países que apresentam maior despesa total em I&D são a Suécia, a Bélgica, a Áustria, a Alemanha e a Dinamarca, todos com mais de 3% do PIB e os que apresentam valores mais reduzidos são a Roménia, Malta, Letónia, Chipre, Bulgária e Eslováquia, todos com menos de 1% do PIB. Portugal tem uma despesa de 1,62% do PIB, 0,70 pontos percentuais (p.p.) abaixo da média da UE27 (2,32%).
No caso português, a distribuição pelos diferentes setores de execução é de 0,92% nas empresas (menos 0,61 p.p. que a UE27), 0,58% no ensino superior (mais 0,07 p.p. que na UE27) e 0,08% no estado (menos 0,19 p.p. que na UE27).
Quando se analisa os setores de execução, percebe-se que, regra geral, dentro de cada país a maior fatia da despesa está nas empresas, seguido do ensino superior e depois do estado. Exceção desta tendência é a Letónia, que apresenta valores para o ensino superior maiores que para as empresas e a Eslovénia, o Luxemburgo, a Bulgária e a Roménia, que apresentam valores superiores para o estado que para o ensino superior.
Quadro 1 - Despesa em investigação e desenvolvimento em % do PIB, por setor de execução, países da UE27 (2020) (%)
wdt_ID | Países | Empresas | Ensino Superior | Estado | Total |
---|---|---|---|---|---|
1 | Suécia | 2,55 | 0,82 | 0,16 | 3,53 |
2 | Bélgica | 2,53 | 0,61 | 0,31 | 3,48 |
3 | Áustria | 2,22 | 0,73 | 0,23 | 3,20 |
4 | Alemanha | 2,11 | 0,57 | 0,46 | 3,14 |
5 | Dinamarca | 1,84 | 1,09 | 0,09 | 3,03 |
6 | Finlândia | 1,97 | 0,72 | 0,22 | 2,94 |
7 | Islândia | 1,68 | 0,71 | 0,08 | 2,47 |
8 | França | 1,56 | 0,48 | 0,28 | 2,35 |
9 | UE27 | 1,53 | 0,51 | 0,27 | 2,32 |
10 | Países Baixos | 1,54 | 0,62 | 0,13 | 2,29 |
11 | Noruega | 1,24 | 0,76 | 0,28 | 2,28 |
12 | Eslovénia | 1,57 | 0,26 | 0,30 | 2,15 |
13 | Rep. Checa | 1,21 | 0,43 | 0,34 | 1,99 |
14 | Estónia | 0,98 | 0,60 | 0,18 | 1,79 |
15 | Portugal | 0,92 | 0,58 | 0,08 | 1,62 |
16 | Hungria | 1,23 | 0,21 | 0,16 | 1,61 |
17 | Itália | 0,93 | 0,36 | 0,20 | 1,53 |
18 | Grécia | 0,69 | 0,47 | 0,32 | 1,50 |
19 | Espanha | 0,78 | 0,37 | 0,25 | 1,41 |
20 | Polónia | 0,88 | 0,49 | 0,03 | 1,39 |
21 | Croácia | 0,60 | 0,40 | 0,25 | 1,25 |
22 | Irlanda | 0,91 | 0,28 | 0,04 | 1,23 |
23 | Lituânia | 0,55 | 0,42 | 0,18 | 1,16 |
24 | Luxemburgo | 0,61 | 0,25 | 0,27 | 1,13 |
25 | Eslováquia | 0,49 | 0,24 | 0,18 | 0,91 |
26 | Bulgária | 0,58 | 0,05 | 0,22 | 0,85 |
27 | Chipre | 0,37 | 0,30 | 0,06 | 0,82 |
28 | Letónia | 0,22 | 0,35 | 0,13 | 0,71 |
29 | Malta | 0,43 | 0,23 | 0,00 | 0,67 |
30 | Roménia | 0,28 | 0,04 | 0,15 | 0,47 |
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Países | Empresas | Ensino Superior | Estado | Total |
Fonte: Research and development statistics (Eurostat)
A Figura 1 respeita à evolução da despesa em investigação e desenvolvimento em % do PIB, na UE27 e em Portugal, entre 2000 e 2020. Como se pode constatar, a evolução da despesa na UE27 tem seguido uma tendência regular de aumento, exceto de 2003 para 2004, momento em que decresceu 0,03 p.p., de 2004 para 2005, em que diminuiu 0,01 p.p. e de 2009 para 2010, em que manteve o mesmo valor.
Em Portugal observa-se um primeiro momento de descida de 2001 a 2003 de 0,06 p.p., seguido de um aumento desde 2003 até 2009 de 0,88 p.p. e de outro decréscimo entre 2009 e 2015 de 0,34 p.p.. A partir de 2015 até 2020, último ano em análise, foram registados aumentos, num total de 0,38 p.p.. De notar ainda a evolução em Portugal de 2005 para 2006 (0,19 p.p.), de 2006 para 2007 (0,17 p.p.), de 2007 para 2008 (0,32 p.p.), de 2008 para 2009 (0,14 p.p.) e de 2019 para 2020 (0,22 p.p.). Enquanto que nos restantes anos as variações anuais apresentam valores inferiores a 0,10 p.p., neste período existiu uma variação anual bastante significativa.
A Figura 2 ilustra as dotações orçamentais para despesa em investigação e desenvolvimento em % da despesa pública total nos países da UE27 em 2021, exceto a Suíça, cujos valores são de 2020.
Os países que apresentam maiores dotações orçamentais em percentagem da despesa pública total são a Suíça, a Alemanha, a Noruega, a Dinamarca e os Países Baixos, todos acima dos 1,7%. Inversamente, os países que apresentam dotações orçamentais mais reduzidas são a Roménia, Malta, Letónia e Bulgária, situando-se todos abaixo de 0,6%. Portugal é dos países com dotações orçamentais mais baixas, tendo 0,77%, 0,69 p.p. abaixo da média da UE27 (1,46%).
* – dados para 2020
O Quadro 2 apresenta a despesa em investigação e desenvolvimento por habitante e por setor de execução nos países da UE27, em euros, para 2020.
O país que apresenta um total de despesa por habitante mais elevado é a Dinamarca (1.624,8€), seguida da Suécia (1.623,8€) e da Bélgica (1.378,8€). Os países com despesa por habitante mais reduzida são a Roménia (53,1€), a Bulgária (75,3€) e a Letónia (109,1€). A despesa por habitante da média da UE27 (695,6€) é mais do dobro da despesa portuguesa por habitante (314,3€), apresentando uma diferença de 381,3€ por habitante.
A distribuição da despesa em investigação e desenvolvimento por habitante pelos setores de execução em Portugal é de 179,1€ nas empresas (menos 278,8€ que a média da UE27), 113,2€ no ensino superior (menos 39€ que a média da UE27) e 15,6€ no estado (menos 65,5€ que a média da UE27).
Quadro 2 - Despesa em investigação e desenvolvimento por habitante e setor de execução, países da UE28 (2018) (euros)
wdt_ID | Países | Empresas | Educação Superior | Estado | Total |
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1 | Dinamarca | 985,1 | 583,0 | 49,7 | 1624,8 |
2 | Suécia | 1174,8 | 375,7 | 71,4 | 1623,8 |
3 | Bélgica | 1003,9 | 240,9 | 123,0 | 1378,8 |
4 | Áustria | 945,8 | 311,2 | 99,7 | 1364,2 |
5 | Noruega | 733,3 | 448,5 | 168,0 | 1349,8 |
6 | Islândia | 877,5 | 370,4 | 43,5 | 1291,4 |
7 | Alemanha | 854,1 | 231,6 | 187,4 | 1273,2 |
8 | Finlândia | 840,5 | 308,2 | 95,7 | 1254,7 |
9 | Luxemburgo | 622,3 | 256,2 | 279,2 | 1157,6 |
10 | Países Baixos | 709,7 | 285,8 | 58,9 | 1054,5 |
11 | Irlanda | 683,1 | 209,3 | 33,2 | 925,6 |
12 | França | 533,1 | 162,8 | 95,7 | 805,6 |
13 | UE27 | 457,9 | 152,2 | 81,1 | 695,6 |
14 | Eslovénia | 352,4 | 58,8 | 66,1 | 480,7 |
15 | Itália | 259,0 | 100,9 | 56,7 | 425,3 |
16 | Rep. Checa | 244,3 | 86,6 | 68,7 | 400,8 |
17 | Estónia | 198,9 | 121,5 | 35,6 | 361,9 |
18 | Espanha | 185,2 | 88,8 | 58,2 | 333,1 |
19 | Portugal | 179,1 | 113,2 | 15,6 | 314,3 |
20 | Grécia | 107,1 | 72,2 | 50,1 | 230,8 |
21 | Hungria | 171,9 | 29,1 | 22,3 | 224,8 |
22 | Lituânia | 97,5 | 75,2 | 32,0 | 204,7 |
23 | Chipre | 90,1 | 73,2 | 13,7 | 199,5 |
24 | Polónia | 120,7 | 67,1 | 3,8 | 192,1 |
25 | Malta | 108,8 | 59,7 | 0,9 | 169,4 |
26 | Croácia | 73,9 | 49,7 | 30,8 | 154,4 |
27 | Eslováquia | 83,1 | 40,2 | 30,3 | 153,7 |
28 | Letónia | 33,8 | 54,8 | 20,5 | 109,1 |
29 | Bulgária | 50,8 | 4,6 | 19,4 | 75,3 |
30 | Roménia | 31,3 | 4,6 | 17,0 | 53,1 |
Países | Empresas | Educação Superior | Estado | Total |
Fonte: Research and development statistics (Eurostat)
Elaborado por Inês Tavares