Em Portugal, o número de pessoas em risco de pobreza volta a aumentar em 2013, sendo os mais jovens o grupo mais afetado. Segundo a publicação do INE com os últimos resultados para 2013 do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), o risco de pobreza situava-se nos 19,5% – o que representa um aumento de 0,7 p.p. em relação ao ano anterior (18,7%), e mais 1,4 p.p. do que em 2010 (18%). O INE refere também que nesse ano, 25,6% da população com menos de 18 anos encontrava-se em risco de pobreza (face a 24,4% de 2012).
O risco de pobreza atinge com maior impacto as mulheres e as crianças. Em 2013, por comparação a 2010 (Fig. 1), o risco de pobreza das mulheres aumentou cerca de 1,6 pontos percentuais, situando-se agora nos 20% – nos homens o risco de pobreza é de 18,9% (um aumento de 1,3 p.p. entre 2010 e 2013). No que diz respeito ao grupo etário, é possível observar na Fig. 1 a tendência decrescente do risco de pobreza para a população mais idosa, facto expectável devido ao crescimento médio das despesas com pensões de velhice per capita. Porém, em 2013, o risco de pobreza deste grupo (15,1%) aumentou face aquele registado no ano anterior (14,6%).
A partir dos dados deste inquérito aplicado anualmente às famílias residentes no país, destaque para algumas tendências em relação a 2012: tendo em conta a condição perante o trabalho, é a população desempregada que continua em maior risco de pobreza (40,5%, em 2013, face a 40,3% em 2012); nas famílias com filhos a seu cargo o risco de pobreza aumentou 0,8 p.p. (23%, em 2013, face a 22,2%, em 2012); nos agregados com adultos que vivem sós o risco de pobreza (23,1%) aumentou face aos 21,9% registados no ano anterior. Já com dados disponíveis para 2014, a proporção da população em risco de pobreza ou exclusão social (27,5%) mantém-se estanque face ao assinalado em 2013, embora este indicador afete de forma diferente agregados familiares sem crianças dependentes (25,9%) e agregados familiares com crianças dependentes (29,0%).
Em Portugal, a partir de 2009, tem-se vindo a assistir ao aumento da desigualdade de rendimentos entre os extremos. Os últimos dados sobre os indicadores que medem a desigualdade de rendimento, S80/S20 e S90/S10, dão conta que essa tendência continua a agravar-se em 2013: os 20% mais ricos têm um rendimento 6,2 vezes superior aos 20% mais pobres e os 10% mais ricos auferem 11,1 vezes mais que os 10% mais pobres (+0,4 p.p, em relação a 2012). Em 2013, o valor do Coeficiente de Gini (que tem em conta a distribuição do rendimento no seu todo) registava um valor de 34,5%, mantendo-se assim a tendência verificada desde 2010 de crescimento das desigualdades em Portugal.
Por: Ana Rita Matias