Países nórdicos e da Europa central são os que mais gastam nesta área.

 

O Eurostat define a proteção social como as diferentes intervenções das instituições públicas e privadas vocacionadas para aliviar os indivíduos e os agregados domésticos da responsabilidade de fazerem face a um conjunto definido de riscos ou necessidades (Eurostat, 2016: 8). No ano de 2022, cerca de 44,1% da despesa total do Estado finlandês foi orientada para despesa em proteção social, o valor mais alto no universo de países europeus analisados no Quadro 1. Em Portugal, esse valor foi de 39,7%, o 6.º mais alto. Se a referência for o PIB nacional, o valor para o país situou-se em 17,5%, um pouco abaixo do valor médio apurado para a UE27 (19,4%) e em 14.º lugar.

 

Quadro 1 - Despesa pública em proteção social, em % de despesa pública total e em % do PIB, UE27 (2022) (%)

wdt_ID Países % da despesa total % do PIB
1 Finlândia 44,1 23,5
2 Luxemburgo 43,6 19,1
3 Dinamarca 42,1 18,9
4 Alemanha 41,2 20,4
5 França 40,8 23,8
6 Portugal 39,7 17,5
7 Espanha 39,6 18,8
8 UE27 39,3 19,4
9 Suíça 39,2 12,9
10 Itália 39,1 21,9
11 Áustria 38,8 20,6
12 Polónia 38,4 16,9
13 Bélgica 38,2 20,3
14 Suécia 37,6 18,4
15 Eslovénia 37,3 17,6
16 Noruega 37,3 14,3
17 Lituânia 37,2 13,5
18 Eslováquia 36,9 15,6
19 Grécia 35,9 19,0
20 Países Baixos 35,7 15,5
21 Irlanda 35,2 7,5
22 Roménia 33,1 13,3
23 Letónia 32,7 13,2
24 Bulgária 32,2 13,3
25 Estónia 31,9 12,7
26 Chéquia 30,8 13,7
27 Chipre 30,5 11,8
28 Croácia 28,7 12,9
29 Hungria 26,8 13,1
30 Malta 25,6 10,1
31 Islândia 23,3 11,1
Países % da despesa total % do PIB

Fonte: Government finance statistics (Eurostat)

 

A Figura 1 permite observar que a despesa em proteção social em proporção da despesa pública total tem vindo a aumentar em Portugal e na UE27, embora com algumas descidas pontuais. A intensidade dessa evolução foi maior em Portugal, o que se repercutiu numa clara aproximação dos valores apurados nestes dois indicadores face à média da UE27. Em 2022, pela primeira vez desde 1995, Portugal ultrapassa ligeiramente a média europeia de despesa pública em proteção social (39,7%, face a 39,3%).

 

Fonte: Government finance statistics (Eurostat)

 

A Figura 2 ilustra a despesa em proteção social em proporção do PIB. Constata-se que houve um aumento até 2013, sobretudo em Portugal, que atinge o seu máximo histórico nesta despesa neste ano (19,4% do PIB), enquanto na UE27 a tendência geral foi de abrandamento ou até diminuição da despesa em proteção social entre 1995 e 2007. A partir de 2009, Portugal começa a aproximar-se da média europeia. Entre 2013 e 2019, esta despesa decresceu em Portugal (-2,5 pontos percentuais), voltando a aumentar subitamente em 2020, fruto das medidas excecionais decorrentes da pandemia COVID-19 (+2 p.p.). O mesmo aconteceu na UE27, onde se registou em 2020 um máximo histórico de 21,9% da despesa em proteção social, face ao PIB. No entanto, no ano seguinte esta despesa voltou a diminuir na UE27 e em Portugal, situando-se, em 2022, nos 19,4% e nos 17,5%, respetivamente.

 

Fonte: Government finance statistics (Eurostat)

 

O Quadro 2 permite analisar a composição da despesa pública por tipo de função. A despesa na função velhice é, destacadamente, a que assume um maior peso relativo em todos os países da UE27. Em termos médios, esta função representa cerca de 21% da despesa total nos países europeus. Em Portugal, esse valor ronda os 24,5% em 2022, sendo o terceiro país com maior proporção de despesa em proteção social com a função velhice, a seguir à Finlândia (25,2%) e à Áustria (24,6%). A Noruega, Islândia e Países Baixos estão entre os países onde esta despesa é menor e também onde a despesa com doença e invalidez assume um peso semelhante, no total da proteção social.

O pagamento de pensões de velhice é a principal rubrica das despesas desta função, mas outro tipo de prestações monetárias e em espécie são também aí consideradas, nomeadamente: as pensões de velhice antecipadas, as pensões parciais, abonos para cuidados (que não médicos), outros benefícios monetários, benefícios em espécie ao nível da acomodação, da assistência no desempenho de tarefas rotineiras, e outros benefícios em espécie.

 

Quadro 2 - Composição da despesa pública em proteção social, UE27 (2022) (%)

wdt_ID Países Velhice Doença e invalidez Família/filhos Sobrevivência Desemprego Habitação ES n. c.n.f. PS n. c.n.f. I&D PS
1 Finlândia 25,2 5,9 5,5 1,2 2,9 1,1 1,7 0,5 0,0
2 Áustria 24,6 3,1 3,9 2,4 2,2 0,2 2,0 0,3 0,0
3 Portugal 24,5 3,0 4,8 3,7 1,9 0,3 0,8 0,7 0,0
4 Itália 24,4 3,2 2,5 4,4 1,8 0,1 2,7 0,2 0,0
5 Bulgária 23,8 1,6 4,9 : 0,8 0,2 0,2 0,7 (z)
6 Grécia 23,6 2,8 2,2 4,1 1,1 0,4 1,6 0,1 0,0
7 Roménia 23,5 3,0 3,7 0,3 0,1 0,0 1,5 1,0 0,0
8 França 22,3 5,4 3,7 2,4 2,9 1,4 2,3 0,3 0,0
9 Luxemburgo 22,0 7,8 7,9 0,0 2,1 0,6 2,6 0,5 0,0
10 Eslovénia 21,8 5,6 4,2 2,6 0,8 0,0 2,0 0,3 0,0
11 Espanha 21,6 5,9 2,1 4,8 3,4 0,1 1,5 0,3 0,0
12 Suécia 21,2 7,0 4,8 0,3 2,1 0,6 1,7 0,0 0,0
13 Polónia 21,1 4,2 6,0 3,5 0,5 0,1 2,6 0,3 0,0
14 UE27 21,0 5,7 3,7 2,9 2,4 0,6 2,3 0,6 0,0
15 Alemanha 20,1 6,8 3,6 3,8 3,0 0,5 1,9 1,4 0,0
16 Suíça 19,5 8,8 2,0 0,9 3,2 0,1 4,6 0,0 0,0
17 Eslováquia 18,5 9,2 4,0 1,7 0,8 0,1 0,5 2,1 0,0
18 Bélgica 18,2 6,9 4,1 2,8 2,3 0,4 3,3 0,4 0,0
19 Letónia 18,0 6,4 3,3 0,5 1,0 0,2 2,7 0,7 0,0
20 Chipre 17,6 1,1 4,7 3,8 1,3 0,1 1,6 0,2 0,0
21 Chéquia 17,6 5,2 3,8 1,2 0,3 0,4 1,9 0,4 0,0
22 Croácia 17,5 3,2 4,3 2,4 0,6 0,2 0,2 0,3 0,0
23 Estónia 17,4 4,7 6,1 0,1 1,9 0,1 1,1 0,5 0,1
24 Lituânia 17,0 10,4 4,9 0,8 1,8 0,4 1,3 0,7 0,0
25 Dinamarca 15,9 9,5 8,5 0,0 3,1 1,2 2,9 0,9 0,0
26 Malta 15,8 2,1 2,5 2,6 0,4 0,4 1,0 0,8 0,0
27 Irlanda 14,5 4,9 3,8 1,8 3,8 4,4 1,3 0,8 0,0
28 Noruega 14,1 13,4 6,1 0,3 0,7 0,3 1,6 0,7 0,1
29 Países Baixos 13,9 9,3 4,3 0,1 1,3 1,0 5,8 0,0 0,0
30 Hungria 13,1 4,0 5,3 1,4 0,5 0,2 1,9 0,3 0,1
31 Islândia 6,5 6,9 5,0 0,0 2,1 0,7 1,3 0,8 0,0
Países Velhice Doença e invalidez Família/filhos Sobrevivência Desemprego Habitação ES n. c.n.f. PS n. c.n.f. I&D PS

Fonte: Government finance statistics (Eurostat)

 

Nota metodológica

A função de um benefício social refere-se ao objetivo principal em relação ao qual a proteção social é providenciada. De acordo com o ESSPROS (European System of integrated Social Protection Statistics), existem oito funções de proteção social:

Doença/cuidados de saúde: Manutenção de rendimento e apoio monetário relacionados com a doença mental, excluindo invalidez. Os cuidados de saúde destinam-se a manter, restaurar ou melhorar a saúde das pessoas protegidas independentemente da origem do problema de saúde.

Invalidez: Manutenção de rendimento e apoio monetário ou em espécie (exceto cuidados de saúde) relacionados com a incapacidade de pessoas física e psicologicamente inválidas desempenharem atividades sociais e económicas.

Velhice: Manutenção de rendimento e apoio monetário (exceto cuidados de saúde) relacionados com a velhice.

Sobrevivência: Manutenção de rendimento e apoio monetário relacionados com a morte de um familiar.

Família/filhos: Apoio monetário ou em espécie (exceto cuidados de saúde) relacionados com a gravidez, o nascimento e a adoção, a educação dos filhos e os cuidados prestados a outros membros da família.

Desemprego: Manutenção de rendimento e apoio monetário ou em espécie relacionados com o desemprego.

Habitação: Ajudas vocacionadas para o custeamento da habitação.

Exclusão social não classificada noutra função: Benefícios monetários ou em espécie (exceto cuidados de saúde) especificamente destinados a combater a exclusão social que não são previstos por alguma das outras funções.

Ver  Eurostat (2016), European System of Integrated Social Protection Statistics – ESSPROS. Manual and User Guideline, Publications Office of the European Union, Luxemburgo.

 

Atualizado por Adriana Albuquerque

Elaborado por Inês Tavares

Ver dados Excel
image_pdfVersão PDF