A proporção da população em sobrecarga das despesas em habitação em Portugal (4,9%) é inferior à média da UE27 (8,8%), tendência que se tem mantido constante.
A taxa de sobrecarga das despesas em habitação reflete a proporção da população que vive em agregados familiares cujos gastos em habitação (depois das transferências sociais relativas à mesma) representam 40% ou mais do rendimento disponível.
A Figura 1 apresenta a taxa de sobrecarga das despesas em habitação nos países da UE27, em 2023. Portugal apresenta a 5.ª taxa mais baixa da UE27 (4,9%, -4 p.p. face à média europeia). É na Grécia que uma maior proporção da população residente vive em agregados familiares em situação de sobrecarga das despesas em habitação (28,5%), seguindo-se a Dinamarca (15,4%), a Suíça (14,2%) e a Noruega (13,9%). Com as menores taxas de sobrecarga da UE27 surgem o Chipre (2,6%), a Eslovénia (3,7%), a Croácia (4%) e a Irlanda (4,7%).
* Dados relativos a 2019.
A Figura 2 diz respeito à taxa de sobrecarga das despesas em habitação por grupo etário em Portugal e na UE27, em 2023. Em todos os grupos etários, Portugal apresenta uma proporção da população que vive em agregados familiares em situação de sobrecarga das despesas com a habitação inferior à média da UE27. É entre os 65 e mais anos que esta diferença é maior, cerca de 7,2 p.p. (2,6% em Portugal e 9,8% na UE27).
Portugal e a UE27 apresentam uma relação inversa da idade com a taxa de sobrecarga das despesas com habitação. Ao passo que, em Portugal, esta taxa diminui com a idade, atingindo o pico entre os indivíduos com 18 anos ou menos (6,9%), na UE27, ela aumenta com a idade.
A Figura 3 apresenta a taxa de sobrecarga das despesas em habitação segundo a situação perante a pobreza nos países da UE27.
Na UE27, em média, cerca de um terço das pessoas em risco de pobreza encontram-se em situação de sobrecarga das despesas de habitação – 33,5%, ou seja, mais 29,4 p.p. face às pessoas que não estão em risco de pobreza. É na Grécia e na Dinamarca que as pessoas em risco de pobreza são mais penalizadas com a sobrecarga das despesas de habitação (respetivamente, 86,3% e 72,3%, ou seja, mais do dobro face aos que não estão em risco de pobreza). Também com valores muito acima da média europeia estão a Suíça, a Suécia, a Chéquia, a Islândia e a Noruega.
Pelo contrário, os países em que as pessoas em risco de pobreza menos experienciam sobrecarga das despesas com habitação são o Chipre (8,9%), Portugal (18,8%), a Croácia (19,4%), a Irlanda e a Eslovénia (ambos com 20,6%). Ainda assim, mesmo nestes países, os indivíduos em risco de pobreza têm pelo menos 4 vezes mais possibilidades de viver com sobrecarga das despesas de habitação.
* Dados relativos a 2019.
A evolução da taxa de sobrecarga das despesas em habitação em Portugal e na UE27, entre 2012 e 2023 (Figura 4), mostra que, em Portugal, este indicador tem sido sempre inferior à da média da UE27, tendendo a diminuir ao longo do tempo. Não obstante, em Portugal a taxa tem tido um comportamento irregular, oscilando entre os 4,1% e os 9,2%, com aumentos localizados em 2014 e, mais recentemente, no período pós-pandemia Covid-19 em 2021 (desta vez, acompanhando a tendência europeia). Ao contrário do que acontece a este indicador na média da UE27, Portugal parece ter recuperado mais depressa dos confinamentos, com descidas acentuadas da taxa de sobrecarga das despesas de habitação já em 2022 para níveis abaixo dos pré-pandémicos.
Atualizado por Adriana Albuquerque
Elaborado por Inês Tavares e Alda Botelho Azevedo