Em Portugal, em 2023, a esperança de vida à nascença é de 82,5 anos – 1,1 anos acima da média da UE2

Portugal também fica acima da UE no que toca à esperança de vida aos 65 anos: 21,1 anos (+0,9)

Apesar de a desigualdade de género ter vindo a diminuir desde 2010, os homens continuam a ter menor esperança de vida que as mulheres, em Portugal e a nível europeu/internacional

A esperança de vida à nascença refere-se ao “número médio de anos que uma pessoa à nascença pode esperar viver, mantendo-se as taxas de mortalidade por idades observadas no momento” (INE). Entre 2010 e 2019, a esperança de vida à nascença em Portugal aumentou por sexos reunidos 1,8 anos, o valor mais alto registado até à data, contudo, esse valor registou uma queda ligeira no ano seguinte devido à pandemia Covid-19 (Figura 1), diminuindo 0,4 anos entre 2019 e 2020. As mulheres continuam a beneficiar de uma esperança de vida à nascença mais longa, de 85,3 anos em 2023, do que os homens, de 79,5 anos, no mesmo período. Esta diferença entre os sexos verifica-se ao longo de todo o período 2010-2023, sendo de 5,8 anos em 2023 a desfavor dos homens.

No conjunto dos países da UE27, entre 2010 e 2019, a esperança de vida à nascença por sexos reunidos aumentou de 79,8 anos para 81,3 anos (1,5 anos). Em 2023, à nascença, na UE27, os homens poderiam esperar viver 78,7 anos e as mulheres 84 anos, ou seja, mais 2 e mais 1,1 anos do que em 2010, respetivamente. Deve-se frisar que a pandemia da Covid-19 reduziu ligeiramente os valores mais elevados alcançados em 2019, sendo notória a recuperação registada em 2023 para os valores pré-pandemia. A diferença média entre sexos para o período em questão (2023) é de 5,3 anos a desfavor dos homens.

Comparando a esperança de vida à nascença em Portugal e no contexto europeu, observa-se que: (1) tanto em Portugal como na UE27, as mulheres podem esperar viver mais anos do que os homens; (2) as mulheres em Portugal podem esperar viver mais anos do que o conjunto de mulheres na UE27; (3) os homens em Portugal podem esperar viver ligeiramente mais anos do que os homens na UE27.

 

 

Em Portugal, em 2023, os indivíduos aos 65 anos poderiam esperar viver 21,1 anos adicionais, mais 1,8 anos do que em 2010 (Figura 2). Por sexo, os homens poderiam esperar viver mais 19,2 anos e as mulheres, mais 22,7 anos. Assim, aos 65 anos, mantém-se a vantagem feminina quanto à duração de vida, em média de 3,5 anos adicionais.

Na UE27, em 2023, a esperança de vida aos 65 anos é de 20,2 anos, menos 0,8 anos do que em 2010, correspondendo ao recuperar da posição pré-pandemia Covid-19. Por sexo, em 2023, os homens na UE27, aos 65 anos, poderiam esperar viver 18,3 anos adicionais e as mulheres 21,8 anos, uma diferença de 3,5 anos.

 

 

Por regiões, entre 2008-2010 e 2020-2022 (Figura 3), é na Região Autónoma da Madeira (R. A. da Madeira) que a esperança de vida à nascença mais aumentou (2,64), bem como na R. A. Açores, embora com um crescimento menor (2,18).

Em 2020-2022 , a esperança de vida à nascença varia entre o valor máximo de 81,53 anos no Norte e o valor mínimo de 78,04 anos na Região Autónoma dos Açores (R. A. dos Açores). Assim, à nascença, os indivíduos no Norte esperam viver mais 3,49 anos do que os na R. A. dos Açores. Na ordenação das regiões segundo os valores de esperança de vida à nascença mais elevados, seguidamente ao Norte, surge o Centro (81,34), a Área Metropolitana de Lisboa (80,65), o Alentejo (80,09), o Algarve (79,99), a R. A. da Madeira (78,77) e, por fim, a R. A. dos Açores (78,04). Note-se ainda que a esperança de vida à nascença nas regiões autónomas é bastante inferior à nas restantes regiões.

No período entre 2008-2021, constata-se o aumento aproximadamente de 2 anos na esperança de vida à nascença no sexo masculino em quase todas as regiões do país, com exceção do Alentejo, do Algarve (ambos com aproximadamente 1 ano) e da R. A. da Madeira (aproximadamente 3 anos) (para mais informações acerca da esperança de vida à nascença para os homens por NUTSII, fazer a transferência dos dados excel, onde se detalham estes dados).  Entre 2019-2021, a região do Norte é a que detém a esperança de vida à nascença mais elevada nos homens (78,2), contrariamente à R. A. dos Açores, que detém a menor (74,4). Além disso, é de notar que a R.A da Madeira é a única região que não regista quaisquer quebras no seu percurso evolutivo masculino entre 2019-2021, período marcado pela pandemia da Covid-19.

Evidencia-se uma supremacia da esperança de vida à nascença no sexo feminino comparativamente com o sexo masculino (para mais informações acerca da esperança de vida à nascença para as mulheres por NUTSII, fazer a transferência dos dados excel, onde se detalham estes dados). Entre 2019-2021, verifica-se na região Norte a esperança de vida à nascença nas mulheres mais elevada (83,8), em contraste à menor registada na R. A. dos Açores e na R. A. da Madeira (81,5). Deve-se destacar que a R. A. dos Açores é a única região que não regista quaisquer quebras no seu percurso evolutivo feminino entre 2019-2021, período marcado pela pandemia da Covid-19.

 

 

Na esperança de vida aos 65 anos por regiões portuguesas verificam-se tendências semelhantes às identificadas na esperança de vida à nascença:

(1) entre 2008-2010 e 2020-2022 (Figura 4), regista-se um aumento do número médio de anos que as pessoas podem esperar viver aos 65 anos em todas as regiões, sendo esse aumento maior na R. A. da Madeira (1,55 anos); contudo, entre 2018-2021, regista-se uma ligeira diminuição em todas as regiões, à exceção da R. A. da Madeira, na qual o percurso evolutivo da esperança de vida aos 65 anos não sofreu quaisquer alterações.

2) em 2019-2021, a esperança de vida aos 65 anos no sexo masculino (para mais informações acerca da esperança de vida aos 65 anos para os homens por NUTSII, fazer a transferência dos dados excel, onde se detalham estes dados) varia entre o valor máximo de 17,7 anos na Área Metropolitana de Lisboa e mínimo de 15,1 anos, quer na R. A. dos Açores, quer na R. A. da Madeira. Neste caso, a ordenação das regiões altera-se entre triénios, sendo constante a situação de maior desvantagem nas regiões autónomas.

(3) em 2019-2021, a esperança de vida aos 65 anos no sexo feminino (para mais informações acerca da esperança de vida aos 65 anos para as mulheres por NUTSII, fazer a transferência dos dados excel, onde se detalham estes dados) varia entre os valores máximo de 21,2 anos na Área Metropolitana de Lisboa e mínimo de 19,6 anos tanto na R. A. dos Açores, como na R. A da Madeira. Neste caso a ordenação das regiões altera-se entre triénios, sendo constante a situação de maior desvantagem nas regiões autónomas.

 

 

A Figura 5 apresenta a esperança de vida à nascença nos países europeus, por sexo, em 2023. Salienta-se o facto de que nos países da UE15, atualmente sem o Reino Unido, a duração média de vida continua a ser superior à observada nos países do leste europeu, do Báltico e nos Balcãs. Por países, as esperanças de vida à nascença mais altas correspondem às verificadas na Suíça, Espanha, Itália, Luxemburgo e Malta. No extremo oposto, com as esperanças de vida à nascença mais baixas, estão a Bulgária, a Roménia, a Lituânia, Hungria e a Letónia.

Por sexo, em todos os países europeus, as mulheres continuam a poder esperar viver mais tempo do que os homens. A diferença entre sexos é maior na Lituânia e na Letónia (aproximadamente de 10 e 9 anos, respetivamente) e menor no Luxemburgo, na Noruega e nos Países Baixos (em torno dos 3 anos).

Verifica-se ainda que a diferença no número médio de anos que homens e mulheres podem esperar viver tende a ser superior nos países onde a esperança de vida à nascença é mais baixa, destacando-se a Lituânia, a Letónia, a Estónia, a Roménia e a Bulgária.

 

 

Recuando a 1970 (Figura 6), a par da conhecida vantagem feminina na esperança de vida à nascença, constata-se que as mulheres poderiam esperar viver mais anos na Noruega (77,5), na Islândia (77,3), na Suécia (77,3) e nos Países Baixos (76,5). Tendencialmente são também estes os países onde os homens tinham uma maior esperança de vida.

 

 

A esperança de vida aos 65 anos nos países europeus (Figura 7) continua a apresentar tendências semelhantes às anteriormente descritas:

(1) as mulheres continuam a poder esperar viver mais anos do que os homens;

(2) os países que se destacam por esperanças de vida aos 65 anos mais elevadas são a Espanha, a França, a Suíça e a Itália, e aqueles onde este indicador é mais baixo são a Bulgária, a Roménia, a Hungria e a Letónia.

 

 

Relativamente à esperança de vida aos 65 anos em 1970 (Figura 8), observa-se o padrão da vantagem feminina. Contudo, a diferença entre sexos era, de uma maneira geral, menor em 1970 do que é em 2023. Os países onde se verificou um maior aumento da duração média de vida, em ambos os sexos, foram Espanha, França e Portugal.

 

 

Uma perspetiva da esperança de vida à nascença por regiões no mundo, em 2022, deixa perceber grandes assimetrias (Figura 9). Nesse ano, a esperança de vida à nascença é maior na UE27 e nos países da OCDE, em ambos os sexos, e bastante menor na África sub-sahariana e no Sul da Ásia. As diferenças na longevidade das mulheres nos países da UE27 relativamente às mulheres de outras regiões do mundo são maiores na África sub-sahariana (20,8) e no Sul da Ásia (13,5). Estas assimetrias territoriais verificam-se também entre os homens, sendo que na UE27 estes podem esperar viver à nascença mais 19,4 anos do que os homens na África sub-sahariana e mais 11,8 anos do que os no Sul da Ásia.

Considerando as diferenças entre os sexos, constata-se que essas são maiores nas regiões mais desenvolvidas, como, por exemplo, na Europa e Ásia central, onde as mulheres esperam viver mais 6,3 anos do que os homens, mas também na América Latina e Caraíbas (mesmo valor). É no Sul da Ásia onde a diferença entre sexos na duração média de vida é menor, de 3,6 anos.

As diferenças regionais relativamente à esperança de vida à nascença podem ser explicadas pelo maior acesso à saúde, à segurança sanitária, à segurança alimentar, a saneamento básico (água potável, tratamento de esgoto, limpeza urbana, controlo de pragas) e a uma habitação digna, que garanta todos estes aspetos.

 

 

Atualizado por Adriana Albuquerque

Atualizado por Maria Francisca Botelho

Elaborado por Ana Filipa Cândido e Alda Botelho Azevedo

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