Em 2022, Portugal tinha 347,8 camas dos hospitais por 100.000 habitantes (-168,4 face à média da UE27). É nas regiões do Oeste & Vale do Tejo e na Península de Setúbal que se registam os valores mais baixos.
O conceito de camas dos hospitais por 100.000 habitantes refere-se às camas disponíveis nos hospitais por cada 100.000 habitantes, somando as camas para cuidados curativos, para cuidados de reabilitação, para cuidados a longo prazo e outras camas, excluindo para cuidados psiquiátricos.
Ao se observar a Figura 1 nota-se uma disparidade das camas dos hospitais por 100.000 habitantes entre os países da UE27 em 2022 (último ano com dados disponíveis), sendo os países com mais camas por 100.000 habitantes a Bulgária (823,5), a Alemanha (766,3), a Roménia (727,7), a Áustria (671,8) e a Hungria (665,3) e os países com menos camas por 100.000 habitantes a Suécia (189,9), os Países Baixos (244,9), a Dinamarca (247,7), a Finlândia (261,5) e a Islândia (283,5).
Portugal tem 347,8 camas dos hospitais por 100.000 habitantes, encontrando-se 168,4 camas por 100.000 habitantes abaixo da média da UE27 (516,3).
* Dados referentes a 2019
A Figura 2 ilustra a evolução das camas dos hospitais por 100.000 habitantes num conjunto de países europeus entre 2009 e 2022. Selecionaram-se países representativos das respetivas regiões da Europa: Alemanha e França (Europa Central), Bulgária (Europa de Leste), Espanha e Itália (Europa do Sul), Finlândia e Suécia (Europa do Norte). Destes, todos se situam abaixo da média de camas por 100.000 habitantes na UE27, à exceção da Alemanha, França e Bulgária.
Constata-se que na maioria dos países as camas por habitantes têm diminuído, à exceção da Bulgária (que ganhou 151,3 camas por 100.000 habitantes no período analisado), e de Portugal (+10,7 camas).
A média da UE27 diminuiu cerca de 34,2 camas por 100.000 habitantes nos 14 anos em análise, sendo o país que mais diminuiu a Finlândia (-363,7 camas).
A Figura 3 respeita às camas dos hospitais por 100.000 habitantes por tipo de camas, nos mesmos países analisados acima. Os dados dos restantes países da UE27 para 2022 encontram-se no ficheiro Excel que pode ser consultado no final desta página.
Em todos os países da UE27 as camas para cuidados curativos representam mais de metade das camas por 100.000 habitantes. No entanto, se somarmos as camas para cuidados psiquiátricos às restantes, embora as camas para cuidados curativos continuem a ser a maioria em quase todos os países, o mesmo deixa de se passar tanto na França como na Letónia e na Noruega.
O país que apresenta mais camas para cuidados curativos por 100.000 habitantes é a Bulgária (679,2 camas), seguida da Alemanha (573,3), da Roménia (552,5) e da Bélgica (486,9 camas). Inversamente, os países que apresentam menos camas por habitantes para este tipo de cuidados são os do Norte da Europa, por ordem: a Suécia (134,3 camas), a Dinamarca (184,8), a Noruega (195,2 camas) e a Finlândia (221,7 camas). Portugal tem 330,2 camas para este tipo de cuidados por 100.000 habitantes, situando-se sensivelmente a meio da tabela, acima de todos os países do Sul da Europa menos da Grécia.
Dentro dos países que apresentam dados para as camas de cuidados de reabilitação, os países que possuem mais camas por 100.000 habitantes são a Alemanha (193 camas), a Polónia (189 camas), a França (149,5 camas) e a Hungria (140,2 camas) e os que apresentam menos são a Noruega (0 camas), a Finlândia (2,5 camas), a Irlanda (3 camas), a Grécia (3,9 camas) e a Espanha (4,1). Portugal surge de seguida, registando 4,5 camas deste tipo por 100.000 habitantes.
Relativamente às camas para cuidados a longo prazo, não existem dados para Portugal nem para o Chipre. Dentro dos países da UE27 que registam este dado, os que apresentam mais camas são a Chéquia (188,7 camas), a Hungria (108,3 camas) e a Roménia (105,2 camas) e os países que têm menos camas para cuidados a longo prazo são a Noruega, os Países Baixos, a Suécia e a Alemanha, com cerca de 0 camas deste tipo por 100.000 habitantes.
A maioria dos países não faculta dados relativos a outras camas, ou não as possui.
No que respeita a camas por 100.000 habitantes para cuidados psiquiátricos, a Bélgica é o país que mais camas apresenta (140,7 camas), seguido da Alemanha (131,3 camas), da Letónia (108,5 camas) e da Noruega (100,1 camas). Os países com menos camas por 100.000 habitantes para cuidados psiquiátricos são a Itália (8,1 camas), o Chipre (18,6 camas), a Finlândia (30,3 camas), a Irlanda (32,6 camas) e a Islândia (35,5 camas). Portugal tem 62,9 camas por 100.000 habitantes para estes cuidados, menos 14,4 que a média da UE27 (77,3 camas).
No caso português, as camas para cuidados curativos representam 94,9% das camas disponíveis dos hospitais. Se se adicionarem as camas para cuidados psiquiátricas no cálculo do total de camas em análise, as camas para cuidados curativos por 100.000 habitantes em Portugal assumem 80,4% das camas totais, um valor ainda bastante significativo.
Figura 3 – Camas dos hospitais por 100.000 habitantes por tipo de camas (2022)
A Figura 4 apresenta o número de camas dos hospitais por 100.000 habitantes, por tipo de hospital, para os países da UE27 em 2022. Os países que apresentam mais camas em hospitais públicos são a Roménia (670,4 camas), a Bulgária (599,2 camas), a Croácia (572,6 camas), a Lituânia (560,5 camas) e a Chéquia (553,4 camas). Os países que, contrariamente, apresentam menos camas em hospitais públicos são a Bélgica (144,5 camas), o Chipre (161,6 camas), a Itália (200,2 camas) e Espanha (204,8 camas) e a Dinamarca (231 camas). Portugal surge de seguida, com 235,7 camas no setor público.
O setor privado não-lucrativo é, na generalidade dos países, o setor com menos camas de hospital por 100.000 habitantes, à exceção da Bélgica, dos Países Baixos, da Áustria, da Dinamarca e de Portugal, onde as camas disponíveis neste setor superam as do privado. Os países com mais camas são a Bélgica (399,7 camas), os Países Baixos (244,9 camas), a Alemanha (216,9 camas), a Áustria (110,6 camas), França (79,3 camas) e Portugal (68,8 camas).
No setor privado, os países com mais camas por 100.000 habitantes são a Alemanha, a Bulgária, o Chipre e a França, ao passo que aqueles com menos camas são a Islândia, a Eslovénia, a Dinamarca e a Lituânia.
* Dados referentes a 2019
A Figura 5 refere-se ao número de camas dos hospitais em Portugal por 100.000 habitantes, por NUTSII e por tipo de hospital em 2023.
Compreende-se que em Portugal, das 337,6 camas disponíveis por 100.00 habitantes, 226,7 estão no setor público (cerca de 67,2%), 108,3 no setor privado (cerca de 32,1%) e 2,6 em parcerias público-privadas (cerca de 0,8%). Assim, e embora existam mais hospitais privados (130) que públicos (111) em Portugal (ver dados do INE), a maioria de camas de hospitais são do setor público.
É ainda de notar a maior incidência das camas disponíveis dos hospitais no setor público na Península de Setúbal (92,4%) e na região do Oeste e Vale do Tejo (84,2%). Inversamente, nas regiões autónomas existem mais camas dos hospitais por 100.000 habitantes no setor privado (47,8% nos Açores e 47,6% da Madeira) que no público. A Grande Lisboa destaca-se pela terceira mais baixa proporção de camas em hospitais públicos (59,9%) e pela mais elevada proporção de camas disponíveis no âmbito de parcerias público-privadas (3,1%).
Elaborado por Inês Tavares
Atualizado por Adriana Albuquerque