O Produto Interno Bruto (PIB) per capita português, medido através do índice Paridade do Poder de Compra Padrão (PPS) representava em 2024 82% do valor médio deste indicador nos países da UE-27 (UE-27=100). A Grande Lisboa é a única região do país que supera a média europeia, com um PIB per capita de 127,3%. O Algarve e a Região Autónoma da Madeira superam a média de Portugal na UE-27, com os PIB per capita medido através do PPS de 87% e 87,2%, respetivamente.

A Figura 1 discrimina o PIB per capita, medido em PPS para 35 países, os quais estão divididos em cinco grandes grupos. O valor de referência para os dados aqui apresentados é o valor médio deste indicador para os países da UE-27 (UE-27=100). No primeiro grupo (=>125) encontram-se os que apresentam para este indicador valores mais elevados, com particular destaque para o Luxemburgo – país no qual o PIB per capita medido em PPS representava, em 2024, 242% no valor médio dos países da UE (ver nota metodológica). O país com valor menos elevado deste grupo é a Dinamarca (128%). No segundo grupo, com valores acima da média da UE27 mas abaixo dos 125%, encontram-se países como a Bélgica (a liderar o grupo com um PIB de 116% em PPS) e a Finlândia (103%).

Portugal integra o terceiro grupo de países, cujo resultado para este indicador varia entre 75-100% do valor de referência. A França lidera este grupo (99%), ao passo que a Eslováquia apresenta os valores mais baixos (75%). Com um PIB per capita medido em PPS de 82%, Portugal encontra-se no meio da tabela. 

O quarto grupo é constituído por apenas cinco países, onde se inclui a Grécia. No último grupo, com menos de metade da média da UE27, encontra-se a Macedónia do Norte e, no fundo da tabela, a Albânia, com o PIB em PPS mais baixo dos países europeus (37%).

 

Nota: O Eurostat desincentiva a utilização deste indicador para o estabelecimento de hierarquias entre países, propondo a sua ordenação em grupos. No caso concreto foi seguida a escala utilizada pelo INE (0-50; 50-75; 75-100; 100-125; => 125)

A Figura 2 apresenta a evolução do mesmo indicador face à média da UE entre 2011 e 2024 na Irlanda, Portugal, Grécia, Itália e Espanha. 

No caso Irlandês, desde o início do período analisado que se verifica um aumento constante, particularmente acentuado desde 2014 e com um novo pico em 2019. Regista atualmente um PIB de 211%, o valor mais baixo desde 2021. Frisa-se ainda que o PIB per capita da Irlanda se situou sempre acima dos demais países analisados nos gráficos 2 e 1.

Espanha, em comparação com Portugal e Grécia, apresenta um posicionamento relativo melhor em relação ao PIB médio europeu, sobretudo até 2022, sendo apenas superada por Itália. Após uma tendência de diminuição do indicador entre 2011 e 2013, voltou a subir um pouco, mantendo-se constante até 2017, quando dá sinais de ligeiro decréscimo que se acentua em 2020; no entanto, em 2021 sobe novamente. 

Portugal foi o país com menor variabilidade do PIB até 2022: nem as subidas, nem as descidas do indicador foram muito significativas, mesmo com a crise a decorrer. Na verdade, os anos com PIB per capita mais baixo, por relação à UE, parecem ter coincidido com os anos da pandemia COVID-19 (com 74% em 2021). Em 2024, o indicador dá sinais de retomada, atingindo os 82%.

Na Grécia, o impacto da recessão no PIB começa no início do período analisado, com uma descida progressiva até 2020 – passando de 75% para 62%, uma quebra de 13 pontos percentuais, tratando-se da mais acentuada entre os países aqui analisados. Em 2024, o indicador tinha subido para os 70%, dando finalmente sinais de recuperação.

 

 

Em 2023, três regiões portuguesas apresentavam um PIB per capita superior à média de Portugal na UE (PT=82%): a Grande Lisboa (127,3%), o Algarve (87%) e a Região Autónoma da Madeira (87,2%). Como se pode observar na Figura 3, a Península de Setúbal é a região que mais se distancia do resultado médio deste indicador para Portugal, com 54,2%, seguida de perto do Oeste e Vale do Tejo com 62,5%.

 

 

Os dados do Quadro 1 têm como valor de referência o PIB per capita em Portugal (Portugal=100), não havendo portanto necessidade de utilizar mecanismos de harmonização de níveis de preços (como acontece quando se promovem comparações internacionais assentes em indicadores de riqueza/económicos).

O PIB per capita na região da Grande Lisboa era em 2023 o mais elevado do país, 58% acima da média nacional, representando um aumento de 2,4 p.p. face a 2022. Pelo contrário a Península de Setúbal e Oeste e Vale do Tejo foram as regiões cujo PIB mais caiu desde 2000 (-13, 5 p.p. e -12,1 p.p., respetivamente), sendo atualmente as duas regiões com os mais baixos PIB per capita (67,5% e 77,6%).

O Algarve situava-se também acima desse valor médio em 8 p.p., assim como a Madeira em 8,3 p.p.

O Centro é a região do país com um PIB per capita mais estável desde o início do período analisado, tendo registado ligeiras subidas e descidas na ordem dos 4 a 5 p.p.

Já a R. A. dos Açores registou um crescimento acentuado até 2010, quando atinge os 90,2%, que se tem vindo a inverter de forma lenta, mas progressiva. Atualmente, é uma das regiões com PIB per capita mais baixo, juntamente com o Norte, Centro, Oeste e Vale do Tejo e a Península de Setúbal. Note-se que, até 2021, os valores do Norte e Centro manifestam um crescimento constante, que se parece inverter a partir de 2022.

 

Quadro 1. Evolução do PIB per capita por região NUTS II (Portugal=100) (%)

wdt_ID Anos Continente Norte Centro Oeste e Vale do Tejo Grande Lisboa P. Setúbal Alentejo Algarve R. A. Açores R. A. Madeira
1 2000 100,5 80,3 84,1 89,7 167,4 81,0 91,5 103,5 80,0 89,6
2 2001 100,5 81,1 84,0 88,6 166,8 79,0 90,8 105,2 83,4 87,7
3 2002 100,3 80,3 83,7 88,4 168,3 78,4 88,3 105,9 85,6 94,1
4 2003 100,3 79,0 84,6 89,7 169,1 75,8 90,5 107,7 86,9 95,7
5 2004 100,3 78,2 84,7 90,0 170,5 75,0 90,4 106,0 86,6 98,9
6 2005 100,2 78,7 84,6 86,8 170,2 74,4 92,1 107,0 87,6 100,2
7 2006 100,2 78,8 84,8 86,8 168,2 76,9 94,6 107,3 87,8 100,1
8 2007 100,3 79,5 84,5 86,4 167,8 76,1 93,3 107,4 87,4 98,8
9 2008 100,2 80,2 83,7 84,0 168,1 76,4 91,3 106,9 89,4 99,6
10 2009 100,2 79,9 84,8 85,0 168,2 75,8 89,6 102,1 90,5 98,5
11 2010 100,2 80,5 84,9 83,5 167,3 75,7 92,9 99,1 90,2 97,4
12 2011 100,2 81,0 85,0 82,0 167,9 74,0 93,5 97,7 89,8 99,1
13 2012 100,3 82,3 86,2 82,6 165,1 71,5 93,6 99,1 89,8 95,2
14 2013 100,2 83,2 86,5 82,8 163,5 70,9 91,8 98,5 90,3 96,3
15 2014 100,3 84,3 86,6 82,8 160,8 70,1 92,5 100,1 89,6 96,9
16 2015 100,2 84,6 87,9 82,9 157,7 69,2 98,0 100,7 89,9 96,9
17 2016 100,2 85,2 88,0 83,5 155,8 68,7 95,2 104,0 90,4 97,7
18 2017 100,2 84,9 87,8 83,2 154,6 69,3 98,3 106,5 88,9 100,0
19 2018 100,2 85,6 88,2 82,1 154,0 69,9 95,4 106,1 88,3 98,8
20 2019 100,2 85,6 88,0 82,0 154,6 70,2 92,4 105,9 88,4 98,4
21 2020 100,5 87,4 90,8 84,0 152,9 70,5 89,5 93,2 87,0 91,0
22 2021 100,3 87,5 90,2 81,4 152,0 70,7 94,7 96,4 88,3 96,7
23 2022 100,1 85,8 87,7 77,0 155,6 69,0 95,1 108,4 87,1 106,1
24 2023 100,0 85,1 86,1 77,6 158,0 67,5 94,6 108,0 88,4 108,3
Anos Continente Norte Centro Oeste e Vale do Tejo Grande Lisboa P. Setúbal Alentejo Algarve R. A. Açores R. A. Madeira

Fonte: INE – Contas Regionais (base 2021) | Observatório das Desigualdades. Nota: Os dados de 2023 são provisórios.

 

 

Nota Metodológica: O elevado valor do PIB per capita do Luxemburgo é parcialmente explicado pelo facto de muitos dos seus trabalhadores não residirem no país. Embora contribuam para o PIB luxemburguês, estes trabalhadores não são contabilizados como fazendo parte da população residente do país, a qual é utilizada para calcular o PIB per capita.

 

Elaborado por Ana Filipa Cândido. Atualizado por Adriana Albuquerque.

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