As mulheres, os mais jovens e os menos escolarizados são os grupos mais afetados por este tipo de situações.
A taxa de subutilização da força de trabalho é um indicador estatístico através do qual é possível complementar e aprofundar a análise do desemprego, alargando o alcance da mesma a situações próximas deste fenómeno (ver metainformação do INE, metainformação do Eurostat – Indicators to supplement the unemployment rate – e apresentação da ILO). Tal como se evidenciou aqui, a taxa de subutilização do trabalho é, em Portugal e em vários países europeus, significativamente superior à taxa de desemprego.
Do ponto de vista da composição social da população que se enquadra nesta categoria, constata-se que as mulheres são mais abrangidas por este fenómeno do que os homens, mantendo-se a diferença entre homens e mulheres relativamente regular ao longo do período em análise.
Embora o INE não disponibilize informação suficientemente detalhada em relação à incidência da subutilização laboral por grupo etário, é possível constatar que os mais novos (15-24 anos) apresentam para este indicador valores muito acima do apurado para a média da população portuguesa e para os restantes grupos analisados na Figura 2. Veja-se que, entre 2012 e 2014, mais de metade da população com idade entre 15 e os 24 anos encontrava-se numa situação de subutilização laboral, tendo a grandeza desse indicador diminuído de forma regular nos anos seguintes, à exceção do ano de 2020, em que volta a aumentar.
A Figura 3 demonstra que existe uma desigualdade significativa no que diz respeito à incidência da subutilização do trabalho de acordo com o nível de escolaridade. De facto, em 2023 a taxa de subutilização da população que não foi além do ensino básico é 4,9 p.p. mais elevada do que a dos que concluíram o ensino superior e a população que não foi além do ensino secundário ou pós-secundário é 4,4 p.p. superior à dos que concluíram o ensino superior.
A taxa de subutilização da população que não foi além do ensino secundário ou pós-secundário aproxima-se mais da verificada entre os que não foram além do básico que da população com formação superior. De facto, para o ano de 2023, as taxas de subutilização da população que não foi além do ensino básico é de cerca de 13,4% e da população que não foi além do ensino secundário e pós-secundário é de 12,9%, enquanto que a taxa de subutilização da população com ensino superior é de 8,5%.
De notar ainda que os anos de 2020 e de 2021 são os únicos dentro do período analisado em que a taxa de subutilização da população com ensino secundário e pós-secundário é superior à da população com o ensino básico.
A tabela seguinte contem informação relativa à composição dos indicadores suplementares de desemprego, de acordo com a variável sexo. Os indicadores suplementares de desemprego usados são o subemprego dos trabalhadores a tempo parcial, os inativos indisponíveis e os inativos desencorajados, isto é, os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuram trabalho.
Entre os três indicadores suplementares de desemprego, aquele em que existe uma maior desigualdade entre homens e mulheres é, destacadamente, o subemprego. Em quase todos os países o subemprego feminino é mais elevado do que o masculino. Os países que apresentam um maior desnível entre a percentagem de mulheres e de homens no total dessa população são Espanha e Suiça, nos quais existe uma diferença de cerca de +2,5 p.p. de subemprego nas mulheres, relativamente aos homens. Em Portugal, essa diferença é de +1 p.p., igual ao fosso apurado para os países da UE27.
Em relação aos inativos indisponíveis, existe um desnível de +0,2 p.p. entre o valor apurado para as mulheres e para os homens no quadro dos países da UE27. Dos três indicadores analisados, este é o que apresenta assimetrias de género tendencialmente mais esbatidas.
No que diz respeito às desigualdades entre homens e mulheres no universo dos inativos desencorajados (indivíduos que deixam de procurar trabalho, embora estejam disponíveis para trabalhar), as desigualdades mais expressivas entre mulheres e homens tendem a verificar-se no Luxemburgo, na Grécia, em Espanha, na Suiça, na Roménia e no Chipre.
Quadro 1 - Composição dos indicadores suplementares de desemprego, UE28, pop. 15-74 anos, por sexo (2023) (%)
wdt_ID | Países | Subemprego | Subemprego | Subemprego | Indisponíveis | Indisponíveis | Indisponíveis | Desencorajados | Desencorajados | Desencorajados |
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1 | Total | H | M | Total | H | M | Total | H | M | |
2 | UE27 | 1,7 | 1,2 | 2,2 | 0,6 | 0,5 | 0,7 | 1,9 | 1,7 | 2,0 |
3 | Bélgica | 1,9 | 1,2 | 2,5 | 0,5 | 0,4 | 0,6 | 1,0 | 1,1 | 1,0 |
4 | Bulgária | 0,2 | 0,3 | 0,2 | 0,3 | 0,3 | 0,3 | 1,3 | 1,4 | 1,3 |
5 | R. Checa | 0,2 | 0,2 | 0,3 | 2,2 | 0,2 | 4,2 | 0,3 | 0,3 | 0,3 |
6 | Dinamarca | 1,9 | 1,5 | 2,4 | 0,7 | 0,5 | 0,8 | 1,2 | 1,3 | 1,1 |
7 | Alemanha | 0,8 | 0,6 | 1,1 | 0,6 | 0,5 | 0,6 | 1,4 | 1,4 | 1,5 |
8 | Estónia | 0,8 | 0,6 | 1,0 | 0,8 | 0,6 | 1,0 | 2,5 | 2,4 | 2,5 |
9 | Irlanda | 3,3 | 2,5 | 4,1 | 0,5 | 0,4 | 0,5 | 2,0 | 1,9 | 2,1 |
10 | Grécia | 1,7 | 1,2 | 2,1 | 0,3 | 0,2 | 0,4 | 1,5 | 1,0 | 1,9 |
11 | Espanha | 3,0 | 1,7 | 4,2 | 0,7 | 0,6 | 0,8 | 2,1 | 1,6 | 2,5 |
12 | França | 2,6 | 1,6 | 3,5 | 1,1 | 0,9 | 1,2 | 1,4 | 1,5 | 1,4 |
13 | Croácia | 0,7 | 0,6 | 0,8 | 0,2 | 0,1 | 0,2 | 1,4 | 1,3 | 1,6 |
14 | Itália | 1,6 | 1,2 | 1,9 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 4,9 | 4,3 | 5,6 |
15 | Chipre | 2,2 | 2,0 | 2,3 | 0,4 | 0,3 | 0,5 | 1,0 | 0,8 | 1,2 |
16 | Letónia | 0,9 | 0,7 | 1,1 | 0,6 | 0,5 | 0,6 | 1,2 | 1,1 | 1,2 |
17 | Lituânia | 0,9 | 0,7 | 1,1 | 0,7 | 0,6 | 0,8 | 0,9 | 1,0 | 0,8 |
18 | Luxemburgo | 1,8 | 0,8 | 2,9 | 1,7 | 1,3 | 2,1 | 2,2 | 1,7 | 2,7 |
19 | Hungria | 0,3 | 0,3 | 0,4 | 0,1 | 0,1 | 0,2 | 0,9 | 0,9 | 0,9 |
20 | Malta | 0,7 | 0,6 | 0,8 | 0,2 | : | : | 0,4 | 0,4 | 0,3 |
21 | Países Baixos | 4,0 | 3,1 | 4,8 | 0,8 | 0,7 | 0,9 | 1,4 | 1,5 | 1,3 |
22 | Áustria | 1,6 | 1,0 | 2,3 | 1,0 | 0,9 | 1,1 | 1,4 | 1,5 | 1,4 |
23 | Polónia | 0,5 | 0,4 | 0,6 | 0,1 | 0,1 | 0,2 | 0,7 | 0,7 | 0,7 |
24 | Portugal | 1,9 | 1,4 | 2,4 | 0,4 | 0,3 | 0,4 | 1,5 | 1,4 | 1,5 |
25 | Roménia | 0,7 | 1,1 | 0,3 | 0,0 | : | : | 1,4 | 1,1 | 1,6 |
26 | Eslovénia | 0,8 | 0,5 | 1,1 | 0,2 | 0,2 | 0,3 | 0,9 | 0,8 | 1,0 |
27 | Eslováquia | 0,2 | : | 0,3 | 0,2 | : | : | 0,5 | 0,6 | 0,5 |
28 | Finlândia | 2,7 | 2,1 | 3,3 | 2,4 | 2,1 | 2,6 | 1,5 | 1,8 | 1,2 |
29 | Suécia | 2,6 | 1,9 | 3,2 | 1,4 | 1,2 | 1,5 | 3,4 | 3,4 | 3,3 |
30 | Islândia | 2,0 | 1,6 | 2,6 | 0,9 | 0,8 | 1,0 | 1,9 | 2,0 | 1,8 |
31 | Noruega | 2,5 | 1,8 | 3,3 | 1,1 | 1,0 | 1,1 | 1,4 | 1,5 | 1,3 |
32 | Suiça | 3,2 | 2,0 | 4,5 | 0,9 | 0,7 | 1,0 | 2,7 | 2,3 | 3,1 |
Países | Subemprego | Subemprego | Subemprego | Indisponíveis | Indisponíveis | Indisponíveis | Desencorajados | Desencorajados | Desencorajados |
Fonte: Employment and unemployment statistics – Labour Force Survey (Eurostat)
Atualizado por Inês Tavares