O Produto Interno Bruto (PIB) per capita português, medido através do índice Paridade do Poder de Compra Padrão (PPS) representava em 2022 77% do valor médio deste indicador nos países da UE-27 (UE-27=100). A Área Metropolitana de Lisboa é a única região do país que supera a média europeia, com um PIB per capita de 101,9%. O Algarve e a Região Autónoma da Madeira superam a média de Portugal na UE-27, com os PIB per capita medido através do PPS de 89,5% e 79,2%, respetivamente.
A Figura 1 discrimina o PIB per capita, medido em PPS para 35 países, os quais estão divididos em cinco grandes grupos. O valor de referência para os dados aqui apresentados é o valor médio deste indicador para os países da UE-27 (UE-27=100). No primeiro grupo (=>125) encontram-se os que apresentam para este indicador valores mais elevados, com particular destaque para o Luxemburgo – país no qual o PIB per capita medido em PPS representava, em 2022, 261% no valor médio dos países da UE (ver nota metodológica). O país com valor menos elevado deste grupo é a Áustria (125%).
Portugal integra o grupo de países cujo resultado para este indicador varia entre 75-100% do valor de referência. Com um PIB per capita (medido em PPS) de 77%, Portugal, estando em último lugar nesta grupo juntamente com a Roménia e a Hungria.
O quarto grupo tem valores do índice entre os 50 (Montenegro) e os 73 (Croácia) – um resultado inferior a metade do índice UE-28. O último grupo, composto por candidatos e aspirantes à União Europeia, é o que apresenta valores mais reduzidos.
A Figura 2 apresenta a evolução do mesmo indicador face à média da UE entre 2011 e 2022 na Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha.
No caso Irlandês, desde o início do período analisado que se verifica um aumento constante, particularmente acentuado desde 2014 e com um novo pico em 2019. Regista atualmente um PIB de 233%, o valor mais elevado desde 2011. Frisa-se ainda que o PIB per capita da Irlanda se situou sempre acima dos demais países analisados nos gráficos 2 e 1.
Espanha, em comparação com Portugal e Grécia, apresenta um posicionamento relativo melhor em relação ao PIB médio europeu. Após uma tendência de diminuição do indicador entre 2011 e 2013, menos 3 pontos percentuais, voltou a subir um pouco, mantendo-se constante até 2017, quando dá sinais de ligeiro decréscimo que se acentua em 2020; no entanto, em 2022 sobe novamente para os 85%.
Portugal foi o país com menor variabilidade do PIB: nem as subidas, nem as descidas do indicador foram muito significativas, mesmo com a crise a decorrer. Na verdade, os anos com PIB per capita mais baixo, por relação à UE, parecem ter coincidido com os anos da pandemia COVID-19 (com 75% em 2021). Em 2022, o indicador dá sinais de retomada, atingindo os 77%.
Na Grécia, o impacto da recessão no PIB começa no início do período analisado, com uma descida progressiva até 2020 – passando de 75% para 62%, uma quebra de 13 pontos percentuais, tratando-se da mais acentuada entre os países aqui analisados. Em 2022, o indicador tinha subido para os 68%, dando finalmente sinais de recuperação.
Em 2022, três regiões portuguesas apresentavam um PIB per capita superior à média de Portugal na UE (PT=78,7%): a Área Metropolitana de Lisboa (101,9%), o Algarve (89,5%) e a Região Autónoma da Madeira (79,2%). Como se pode observar na Figura 3, a região Norte é a que mais se distancia do resultado médio deste indicador para Portugal, com 67,3%, seguida de perto do Centro com 67,4%.
Os dados do Quadro 1 têm como valor de referência o PIB per capita em Portugal (Portugal=100), não havendo portanto necessidade de utilizar mecanismos de harmonização de níveis de preços (como acontece quando se promovem comparações internacionais assentes em indicadores de riqueza/económicos).
O PIB per capita na região de Lisboa era em 2022 o mais elevado do país, 29,5% acima da média nacional, representando um aumento de 2,2 p.p. face a 2021.
O Algarve situava-se também acima desse valor médio em 13,7 p.p., assim como a Madeira em 0,6 p.p.
O Alentejo é a região do país com um PIB per capita mais estável desde o início do período analisado, tendo registado ligeiras subidas e descidas na ordem dos 4 a 5 p.p., mantendo-se muito próximo da média nacional.
Já a R. A. dos Açores registou um crescimento acentuado até 2010, quando atinge os 90,5%, que se tem vindo a inverter de forma lenta, mas progressiva. Atualmente, é uma das regiões com PIB per capita mais baixo, juntamente com o Norte e Centro (respetivamente, 89,7%, 85,6% e 85,7%). Note-se que, até 2021, os valores do Norte e Centro manifestam um crescimento constante, que se parece inverter em 2022.
Quadro 1. Evolução do PIB per capita por região NUTS II (Portugal=100) (%)
wdt_ID | Anos | Portugal | Continente | Norte | Centro | A. M. Lisboa | Alentejo | Algarve | R. A. Açores | R. A. Madeira |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2000 | 100,0 | 100,5 | 80,3 | 84,8 | 144,3 | 92,8 | 103,5 | 80,0 | 89,6 |
2 | 2001 | 100,0 | 100,5 | 81,1 | 84,6 | 143,3 | 91,7 | 105,2 | 83,3 | 87,7 |
3 | 2002 | 100,0 | 100,4 | 80,3 | 84,0 | 144,2 | 90,7 | 105,9 | 85,6 | 94,0 |
4 | 2003 | 100,0 | 100,3 | 78,9 | 85,1 | 143,9 | 92,4 | 107,7 | 86,9 | 95,6 |
5 | 2004 | 100,0 | 100,3 | 78,2 | 85,2 | 144,7 | 92,7 | 106,0 | 86,6 | 98,9 |
6 | 2005 | 100,0 | 100,2 | 78,7 | 84,5 | 144,3 | 92,0 | 106,9 | 87,6 | 100,2 |
7 | 2006 | 100,0 | 100,2 | 78,7 | 84,7 | 143,4 | 93,6 | 107,2 | 87,7 | 100,0 |
8 | 2007 | 100,0 | 100,3 | 79,5 | 84,4 | 142,9 | 92,4 | 107,3 | 87,3 | 98,7 |
9 | 2008 | 100,0 | 100,2 | 80,1 | 83,1 | 143,1 | 90,6 | 106,8 | 89,3 | 99,5 |
10 | 2009 | 100,0 | 100,2 | 79,9 | 84,3 | 142,9 | 89,5 | 102,0 | 90,4 | 98,5 |
11 | 2010 | 100,0 | 100,2 | 80,6 | 84,2 | 141,6 | 91,4 | 99,3 | 90,5 | 97,6 |
12 | 2011 | 100,0 | 100,1 | 81,0 | 84,3 | 140,8 | 91,4 | 98,6 | 90,4 | 100,0 |
13 | 2012 | 100,0 | 100,3 | 82,2 | 85,4 | 138,4 | 91,0 | 100,5 | 90,2 | 96,3 |
14 | 2013 | 100,0 | 100,2 | 82,9 | 85,7 | 137,3 | 90,1 | 100,2 | 90,5 | 96,9 |
15 | 2014 | 100,0 | 100,3 | 84,0 | 85,8 | 135,1 | 90,9 | 102,1 | 89,7 | 97,1 |
16 | 2015 | 100,0 | 100,3 | 84,2 | 86,5 | 133,1 | 94,5 | 102,8 | 89,6 | 96,5 |
17 | 2016 | 100,0 | 100,3 | 84,8 | 86,7 | 131,6 | 93,1 | 106,6 | 89,6 | 97,0 |
18 | 2017 | 100,0 | 100,2 | 84,6 | 86,5 | 130,8 | 94,4 | 110,1 | 88,3 | 98,8 |
19 | 2018 | 100,0 | 100,3 | 85,4 | 86,7 | 129,9 | 92,6 | 111,0 | 88,2 | 97,4 |
20 | 2019 | 100,0 | 100,3 | 85,3 | 86,6 | 130,2 | 91,0 | 112,0 | 88,7 | 96,8 |
21 | 2020 | 100,0 | 100,5 | 87,1 | 89,0 | 128,4 | 91,3 | 99,9 | 88,2 | 89,9 |
22 | 2021 | 100,0 | 100,3 | 87,0 | 88,2 | 127,3 | 93,7 | 104,6 | 89,7 | 94,3 |
23 | 2022 | 100,0 | 100,2 | 85,6 | 85,7 | 129,5 | 92,4 | 113,7 | 89,7 | 100,6 |
Anos | Portugal | Continente | Norte | Centro | A. M. Lisboa | Alentejo | Algarve | R. A. Açores | R. A. Madeira |
Fonte: INE – Contas Regionais (base 2016) | Observatório das Desigualdades. Nota: Os dados de 2022 são provisórios.
Nota Metodológica: O elevado valor do PIB per capita do Luxemburgo é parcialmente explicado pelo facto de muitos dos seus trabalhadores não residirem no país. Embora contribuam para o PIB luxemburguês, estes trabalhadores não são contabilizados como fazendo parte da população residente do país, a qual é utilizada para calcular o PIB per capita.
Elaborado por Ana Filipa Cândido. Atualizado por Adriana Albuquerque.