Inquérito da Comissão Europeia revela que, em 2024, 83% dos portugueses inquiridos reportam viver em regiões com uma qualidade de vida boa ou muito boa (+1 p.p. face à UE). A satisfação com a situação económica da sua região é semelhante à dos outros cidadãos europeus (65%). Os assuntos que os portugueses consideram ser os mais importantes enfrentados na sua região são, primeiramente, a habitação (43%, +23 p.p. face à UE), seguida do custo de vida (40%, +9 p.p.), da saúde, da situação económica e dos transportes, com relevantes variações regionais.

 

Os resultados do Flash Eurobarometer #539, [1] publicados em março de 2024, revelam que, no geral, os cidadãos da UE27 estão mais satisfeitos com a qualidade de vida (82%) do que com a situação económica da sua região (65%). Portugal segue a mesma tendência, com semelhante qualidade de vida (83%, +1 p.p.) e a mesma avaliação da situação económica. Existem, no entanto, menos pessoas em Portugal que consideram a qualidade de vida da sua região “muito boa” (9%, -11 p.p.). Registam-se, ainda, variações regionais importantes: as pessoas no Centro avaliam melhor a situação económica da sua região (69%), ao passo que a A. M. Lisboa, a R. A. Açores e o Algarve a avaliam pior (respetivamente, 61% e 58%).

Quanto à qualidade de vida, o Norte e o Alentejo superam a média nacional (respetivamente, 89% e 88%), enquanto na R. A. Madeira, na A. M. Lisboa e na R. A. Açores, a proporção de pessoas satisfeitas com a qualidade de vida na região é inferior (respetivamente, 80%, 76% e 75%). É ainda de destacar a aparente polarização da qualidade de vida nas regiões autónomas, com 17% das pessoas na Madeira a considerarem-na “muito boa” ao mesmo tempo que 13% a consideram “muito má” (respetivamente, +8 p.p. e +2 p.p. face à média nacional); nos Açores, 13% consideram-na muito boa, face a 21% que a consideram muito má (respetivamente, +4 p.p. e + 10 p.p.).

O Eurobarómetro perguntou ainda aos cidadãos europeus que dois assuntos atualmente enfrentados na sua região consideram ser os mais importantes. Na UE27, destacou-se o custo de vida em primeiro lugar (31%), seguido da situação económica, do desemprego e da saúde (ambos com 26%), da habitação (20%) e das alterações climáticas (19%). Em Portugal, a habitação surge como principal preocupação para a maioria dos inquiridos (43%, +23 p.p. face à UE), seguida do custo de vida (40%, +9 p.p.), da saúde (31%, +5 p.p.), da situação económica e desemprego (24%, -2 p.p.) e, por fim, dos transportes (16%, +4 p.p.), ao invés das alterações climáticas, que apenas estão no topo das preocupações de 7% dos inquiridos (-12 p.p.).

Em suma, Portugal regista maior preocupação do que o resto da Europa com a habitação, o custo de vida, a saúde e os transportes, mas menos com a situação económica, as alterações climáticas, o sistema educativo (-9 p.p.), o crime (-8 p.p.) e a fuga de pessoas / negócios da sua região (-1 p.p.). O inquérito realça, contudo, diferenças importantes entre regiões portuguesas:

  • O custo de vida preocupa mais os residentes do Algarve e de Lisboa (ambos 42%) e menos as pessoas do Alentejo (32%), do Centro e dos Açores (ambos 38%);
  • A situação económica preocupa mais quem vive na região Centro (27%) ou nos Açores (30%) e menos quem vive no Norte (23%) ou em Lisboa (22%);
  • Os madeirenses revelam-se particularmente preocupados com a saúde (36%), seguidos dos residentes no Alentejo e em Lisboa (ambos 33%) e ao contrário dos habitantes do Algarve (27%), Norte (28%) e Açores (29%);
  • A preocupação com a habitação revela-se acima da média nacional no Algarve (48%), em Lisboa e na Madeira (ambos 45%), mas abaixo da média nos Açores (33%) e no Alentejo (41%);
  • Por fim, ao passo que os transportes são uma das principais preocupações no Norte (17%), Algarve (20%), Alentejo (23%) e regiões autónomas (ambas 18%), este domínio é substituído pela imigração no Centro e em Lisboa, onde 19% e 13% das pessoas, respetivamente, consideram ser um tema prioritário (face à média de 13% na UE27), contrastando com o Norte, onde apenas 9% das pessoas se dizem preocupadas com este tema.

De entre os temas menos referidos pelos portugueses, destacam-se algumas variações interessantes entre regiões. Regista-se maior preocupação com o sistema educativo no Norte do que no resto do país (11%), particularmente face à Madeira (3%), Açores (4%) e Alentejo (6%). O crime preocupa mais os habitantes do Norte (7%), do Alentejo e dos Açores (ambos 5%). Já a “fuga” de pessoas e negócios inquieta particularmente os residentes do Alentejo (10%), do Centro e dos Açores (ambos 9%).

 

Referência:

European Commission (2024). Flash Eurobarometer 539 – Public opinion in the EU regions, January-February 2024, National report: Portugal. Brussels, European Commission. https://europa.eu/eurobarometer/surveys/detail/3218.

 

Nota:

[1] Foi realizado um inquérito telefónico entre janeiro e fevereiro de 2024. No total dos países da UE27, inquiriram-se 62.091 cidadãos europeus com 15 ou mais anos de idade. A amostra portuguesa contou com 2.122 pessoas (cerca de 300 por região). O método de amostragem foi aleatório probabilístico para cada região, resultando os dados finais da aplicação de um ponderador estatístico, estratificado em função da idade e género da população por região e país.

 

Elaborado por Adriana Albuquerque (27/04/2024)

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